Por Allysson Malta Jr, Ana Paula Abreu, Éllen Nogueira
Rosa, Jéssica de Fátima
É fácil
perceber o estranhamento das pessoas ao serem questionadas a respeito do
descarte e coleta do lixo. Lixo? É o que muitas perguntaram com expressões de
espanto em bairros por onde andamos, como São Gonçalo, Rosário, Centro, Cartuxa
e no Distrito de Passagem de Mariana.
Segundo o assessor do Secretário do Meio Ambiente do município, Eduardo
Ataíde, a empresa contratada pela prefeitura para fazer a limpeza urbana,
Construtora Contorno, é responsável pela sede do município. Nos outros
distritos, funcionários da prefeitura fazem a limpeza. Nas vias
públicas, a empresa disponibiliza cinco equipes, cada uma composta por dez
varredeiras e um encarregado. Para a coleta, são cinco caminhões compactadores
e vinte funcionários, sendo dezesseis garis coletores e quatro motoristas,
afirma a engenheira sanitarista e ambiental da empresa, Cláudia Bueno.
Vivendo na área central da cidade há setenta anos, Dona Didina,
90, diz que o caminhão passa todos os dias a partir das 18h. A varrição é feita
de segunda e sexta-feira e, na sua opinião, a limpeza da rua é eficiente. No
entanto, a poucos metros de sua casa, é possível perceber que os cestos de lixo
não comportam a quantidade de resíduos depositada, em especial pela
concentração de comércio e residências. Sacos plásticos ficam espalhados pela
calçada e atrapalham a circulação dos pedestres na Rua Frei Durão, por exemplo,
uma da vias centrais da cidade.
Até na Praça da Sé, onde o fluxo de pessoas é intenso
durante todo o dia, o número de lixeiras é pequeno, gerando um descarte
inadequado. O lixo produzido no centro muitas vezes toma calçadas e o chorume,
líquido produzido pela decomposição de restos orgânicos, se espalha em alguns
pontos.
Mudando o cenário: e a limpeza dos bairros?
Em geral, os bairros de Mariana possuem problemas de
infraestrutura que resultam na dificuldade de acesso do caminhão coletor em
algumas ruas. Moradora da Travessa São Gonçalo, Maíra Pereira, 26, reclama do problema. E além dele, do serviço de varrição, feito esporadicamente. Na Rua dos
Inconfidentes, ainda no Bairro São Gonçalo, uma escadaria é também alvo de
reclamações. De acordo com moradores, não há varrição no local. Emilia Freitas,
66, diz que procurou a Prefeitura de Mariana em busca de explicações. A explicação foi de que a área é particular, mas não houve a informação sobre quem é o
proprietário.
Contrapondo depoimentos de moradores da Rua dos
Inconfidentes e Travessa São Gonçalo, na Rua Prefeito João Sampaio, a poucos
metros das outras ruas visitadas, moradores estão satisfeitos com a limpeza
pública. Segundo Ricardo José Gonçalves, 71, a coleta é feita todos
os dias, conforme previsto, “mas cada um precisa colocar o lixo para fora no
horário, precisamos ajudar na limpeza da rua”.
Lixeira localizada no Bairro São Gonçalo. Foto: Éllen Nogueira |
No Bairro Cartucha, a moradora Wiliane Vieira, 26, afirma
que a coleta é feita regularmente e a varrição, apesar de não ser diária, é
suficiente. Segundo a jovem, que mora na Rua do Cartucha, deveria haver mais
lixeiras no local: “Como aqui é íngreme, se colocarmos os sacos no chão, é
possível que eles rolem ou sejam facilmente espalhados por animais. Acho que se
tivéssemos mais lixeiras a rua ficaria mais limpa”, opina. Na rua há uma
lixeira comunitária.
No Bairro Rosário, a maioria dos moradores está satisfeita
com a coleta do lixo. Alguns, todavia, pedem por campanhas de conscientização
por parte da prefeitura, para que não se descarte resíduos após a passagem do
caminhão coletor. Para um morador da Rua Santa Efigênia, que prefere não se
identificar, muitos vizinhos não respeitam os horários e colocam o lixo na rua
depois da coleta: “Os animais rasgam as sacolas e espalham tudo. Tem
vinte e oito anos que moro em Mariana e as pessoas nunca se conscientizaram
aqui no bairro”, desabafa.
No distrito Passagem de Mariana, conforme os moradores
entrevistados, a coleta é feita todos os dias pela manhã, de segunda a sábado.
A varrição, no entanto, é uma reclamação. A comerciante Ionice Francisca, 56, e
o técnico em mineração Ivair Francisco, 42, lembram que duas funcionárias da
prefeitura varrem diariamente “os pontos estratégicos”, mais próximos à rua
principal do distrito, mas, comenta Ionice, isso não dá conta de toda a
limpeza. A Prefeitura de Mariana afirmou na época que fazia a limpeza completa do distrito
uma vez por semana.
Edição final: Ana Paula Abreu | Fotografia: Éllen
Nogueira Rosa e Allysson Malta Júnior| Making-off: Jéssica de Fátima
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